Explorando a História da Escadaria Maria Ortiz no Centro de Vitória! 

Explorando a História da Escadaria Maria Ortiz no Centro de Vitória! 

"A primeira de uma série de matérias com curiosidades históricas pouco exploradas da capital do Espírito Santo."

Por: Hellen Clementino

 

Adentrando a história capixaba, deparamo-nos com a imponente figura de Maria Ortiz, uma mulher que transcendeu as limitações de sua época, trilhando caminhos que iluminaram a trajetória do empoderamento feminino. Nascida em 1603 na vila de Nossa Senhora da Vitória, Maria destacou como uma heroína defensora da cidade e desafiou as expectativas de uma sociedade que, desde então, confinava as mulheres a papéis secundários.

Filha de imigrantes espanhóis, Juan Orty Y Ortiz e Carolina Darico, que chegaram à Capitania do Espírito Santo em 1601, Maria cresceu em meio às tensões geopolíticas entre a Espanha e a Holanda. Aos 21 anos, ela emergiu como protagonista de uma narrativa que ecoaria para além de seu tempo, consolidando-se como um ícone de resistência feminina.

No ano de 1625, os holandeses, liderados pelo capitão Piet Pietersz Heyn, voltaram suas atenções para a vila de Vitória como parte de sua expansão. Com ousadia e destemor, Maria assumiu a liderança na ausência de seu pai, dono de uma taberna de vinhos, quando foi envolvido em uma reunião urgente de guerra na câmara como escrivão naque justo dia. Na Ladeira do Pelourinho, ela confrontou os invasores, utilizando água fervente – ou, como alguns narram, óleo fervente –, coragem e um tição aceso como suas armas.

Desafiando as convenções da sociedade da época, Maria repeliu os invasores e instigou seus vizinhos a unirem-se à resistência. Sua ação ousada protegeu a vila e iluminou o caminho para um entendimento mais profundo do papel das mulheres.

 

Ilustração da história de Maria contra os Holandeses:

 

O reconhecimento pela bravura de Maria veio materializado em uma coroa de margaridas amarelas, símbolo da resistência e resiliência feminina. Francisco de Aguiar Coutinho, donatário da Capitania, expressou sua admiração em uma carta ao Governador Geral do Brasil, reconhecendo Maria como uma fonte de inspiração para todos.

Embora a vida de Maria Ortiz após 1625 permaneça em silêncio, seu legado perdura. A Ladeira que era chamada de Pelourinho, agora conhecida como Escadaria Maria Ortiz, e as homenagens locais, como o nome de uma escola que fica um pouco à frente e de um bairro importante na capital, são testemunhas duradouras de sua importância.

Maria Ortiz transcende o tempo, deixando-nos mais do que uma heroína regional. Ela é uma precursora do empoderamento feminino, e sua história ressoa como um lembrete de que as mulheres sempre desempenharam papéis cruciais, tem liderança e podem ocupar grandes espaços. Sua coragem desafia os padrões de seu tempo, inspirando-nos a reexaminar e celebrar o papel fundamental das mulheres em todos os momentos, seja histéria passada, presente e futuro.

 

Numa visão particular do cenário de criação de Maria

 

Olhando a hitória e imaginando o cenário, percebe-se que Sr Juan Orty Y Ortiz, pai de Maria a criou de maneira distinta das demais crianças e meninas da época. Como escrivão e alguém envolvido nos serviços da câmara, especialmente na comissão de estratégia de guerra, ele demonstrava um alto grau de politização. Presume-se que seu contato constante com documentos, leituras e assuntos políticos influenciou diretamente na educação de Maria.

A menina, assim, foi criada sob a tutela de um homem envolvido nas complexidades do governo e da estratégia militar. Essa peculiaridade em sua formação contribuiu para que Maria recebesse instruções de elevado teor intelectual, diferenciando-a das demais jovens de sua época. Esse aspecto único em sua criação não apenas a destacou como líder na posterior resistência contra os invasores, mas também a posicionou como uma mulher dotada de conhecimento e perspicácia em um contexto histórico no qual tais características eram muitas vezes negligenciadas nas mulheres.

Assim, a trajetória de Maria Ortiz ganha uma nova dimensão quando consideramos a influência marcante de seu pai em sua formação, revelando uma mulher além de seu tempo, guiada por princípios e conhecimentos que a destacaram como uma figura excepcional na história capixaba.

 

Foto atribuida a Maria retirada da internet:

 

Na proxima semana traremos uma nova história. Nos acompanhem!

 

Contribuição de Silvia Keile nessa matéria.