Roda de conversa aborda importância das relações nos serviços socioassistenciais

Roda de conversa aborda importância das relações nos serviços socioassistenciais
Roda de conversa aborda importância das relações nos serviços socioassistenciais

Na perspectiva de provocar reflexões sobre a importância das relações e ações dentro dos serviços socioassistenciais que valorizem a consciência e a sensibilidade em relação a questões sociais e raciais, nos espaços da Assistência Social, os trabalhadores do Centro de Convivência de São Pedro realizam rodas de conversa e debates intitulados “Diálogos Enegrecedores”.

De acordo com os dados do sistema da Secretaria de Assistência Social (Semas), a área tem seu público-alvo majoritariamente formado por mulheres pretas e pardas. Das 21.763 pessoas atendidas, 12.062 são pardas e 3.580 pretas.

Na última sexta-feira, quando ocorreu a quarta rodada de conversa, foi a vez da professora da Universidade Federal do Espírito Santo (ufes) Jacyara Paiva, que fez questão de enfatizar que o debate cabe em qualquer lugar, mas com prioridade em territórios negros. “Não dá para trabalhar com Assistência Social, em um território negro, sem se fazer a discussão étnico-racial. É fundamental que todos os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas), bem como  do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) tenham uma consciência histórica do que é ser negro e saiba o que é ser um antirracista”, afirmou.

Para o Kleverson Belém, que atua no Acessuas Trabalho –  Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho, o “Diálogos Enegrecedores” é importante para que os trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social (Suas) tenham um encontro consigo mesmos, com a sociedade, com o público da Assistência Social, com sua ancestralidade. O Acessuas Trabalho é voltado para a capacitação e formação de usuários do Suas mais preparados para encarar o processo de inserção no mercado de trabalho.

“Estamos tratando de assuntos tão vivos, mas ao mesmo tempo tão esquecidos. O ambiente que nós estamos é muito importante. O Acessuas Trabalho, por exemplo, atua para a inclusão. Esta inclusão passa por fortalecer pessoas pretas, negras no regresso ao trabalho, a força do trabalho feminino. Então, reconhecer e, ao mesmo tempo, ter a delicadeza de potencializar aquilo que já é forte”, destacou ele, que enfatiza ser essencial ter esse tipo de diálogo.

Diálogo

Para Maria Goreti Celestino, que atua na Gerência de Atenção à Família (GAF) da Secretaria de Assistência Social de Vitória (Semas), ao se transmitir a história é possível mostrar a dimensão de valorização. Já para a educadora social de referência do Centro de Convivência Solon Borges, Mônica Silva, participar e ter encontros com esse foco é importante para o aprendizado pessoal e, principalmente, para levar para os atendidos no seu espaço de trabalho. “Essas reflexões e debates dão significado ao trabalho e para a vida. Me fortalece enquanto mulher negra”, ressaltou.

Na opinião de Marlene Gonçalves, do Centro de Convivência de São Pedro, as rodas de conversas são espaços para muito aprendizado. “Estão abrindo a mente, no olhar, a escuta. A gente só se percebe racista quando ouve. Agora, já temos como intervir efetivamente em situações desta natureza. Está sendo maravilhoso”, afirmou ela.

Para a coordenadora do Centro de Convivência de São Pedro, Karine Juvencio, o “Diálogo Enegrecedores” representa reconhecer que fomos educados em uma estrutura racista, e termos a obrigação de repensar nossas práticas. Quando o serviço entende que precisamos destes momentos formativos, fortalecemos a luta por uma sociedade antirracista.

A secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, enfatizou que ter uma cidade que luta contra o racismo significa se apropriar dessa temática e discutir sobre a questão com os trabalhadores. “Acreditamos no poder multiplicador desse diálogo, aprendemos e multiplicamos aquilo que faz sentido. E uma sociedade antirracista faz muito sentido para quem luta por diretos sociais”, ressaltou ela.