Com salário de R$ 17 mil, vereador de Vitória reclama por ter que usar o próprio carro: “não acho justo”

Durante uma sessão recente na Câmara de Vitória, o vereador Jocelino (PT) comoveu-se e tentou comover ao relatar o drama de ter que usar o próprio carro para trabalhar. Segundo ele, não é justo que vereadores arquem com os custos de deslocamento sem auxílio algum. O detalhe: seu salário gira em torno de R$ 17 mil por mês.
“Trabalho das 7h às 23h. Não é justo que eu use o meu carro”, desabafou, aparentemente esquecendo que a maior parte da população brasileira também usa carro próprio ou transporte público para trabalhar, sem qualquer tipo de reembolso. E com salários muitas vezes abaixo de R$ 2 mil.
A fala repercutiu nas redes sociais com uma mistura de indignação e ironia. Moradores da capital capixaba chegaram a sugerir a doação simbólica de um cartão do Transcol e uma tabela de horários de ônibus para o vereador, que, em sua fala, também afirmou que políticos não estão ali para “salvar a Pátria”.
O pronunciamento de Jocelino (PT) foi rebatido publicamente por seu colega de Câmara, o vereador Luiz Emanuel, que usou seu momento de fala em plenário, e as redes sociais para criticar o posicionamento. “O vereador do PT não acha justo um vereador de Vitória viajar para cumprir agendas institucionais pagando passagens e diárias do próprio bolso. Acha mais: que nós não viemos aqui pra ‘salvar a Pátria’. Tipo assim: se todos fazem, fazemos também.”
Luiz Emanuel destacou que, ao longo de seus quatro mandatos, sempre defendeu uma Câmara mais austera e responsável com o uso dos recursos públicos, inclusive foi contra o aumento do número de vereadores (passou de 15 para 21). “Aqui vereador não tem carro, não tem gasolina, não tem celular, enfim, NADA disso pago com dinheiro público. Já recebemos vencimentos suficientes para cumprir nossas agendas como representantes de uma cidade pequena em área territorial, mas com grandes desafios sociais.”
Segundo ele, dinheiro público deve ser usado para atender a população mais vulnerável, não para gerar privilégios aos políticos. E encerrou com uma mensagem direta: “Tenho a OBRIGAÇÃO de ‘salvar nossa Pátria’ de todos os que se preocupam em lesá-la.”
Enquanto isso, motoristas de aplicativo, entregadores e trabalhadores comuns continuam usando seus próprios meios de transporte para garantir o sustento sem auxílio-combustível, sem diárias, sem drama. Só com muito esforço.

A Redação é um coletivo de jornalistas colaboradores que compartilham uma ampla gama de conteúdos e reportagens exclusivas com diversos jornais do Brasil.