Debate na CMV: empreendedorismo periférico e os impactos positivos na garantia de direito das mulheres
A Comissão de Defesa e Promoção do Direito das Mulheres da Câmara de Vitória recebeu, nesta terça-feira (03/08) a representante do coletivo Mulheres Unidas de Caratoira (MUCA), Winy Fabiano, e a representante do Coletivo Das Pretas, Priscila Gama. Elas falaram sobre o trabalho de suas organizações e sobre os desafios de se empreender sendo mulheres negras e periféricas.
Priscila Gama, presidente do “Das Pretas” relatou brevemente a história da instituição que surgiu em 2014 com um Festival da cultura negra e depois, tornou-se o Instituto Das Pretas. Atualmente é uma start-up sem fins lucrativos, um laboratório de tecnologia social que pensa outras alternativas afastadas do assistencialismo. “Trabalhamos em oito projetos de ação afirmativa e um laboratório que constrói soluções em inovação”, afirmou.
“Acho importante falarmos em empreendedorismo em Vitória, porque temos feito isso há anos, sem investimento público. Nenhuma gestão dialogou conosco diretamente. Somos um investimento social que é distante do assistencialismo, mas que constrói nosso futuro no presente”, disse.A presidente da Comissão, vereadora Karla Coser (PT) afirmou que o trabalho Das Pretas é precursor. “O tamanho que elas chegaram em nível nacional, abriu portas para outras iniciativas nesse sentido, criando e incentivando mulheres pretas a construir em seus territórios”, destacou a vereadora.A representante do Coletivo Mulheres Unidas de Caratoira (MUCA), Winy Fabiano, descreveu o trabalho que fazem, atendendo mais de 500 famílias na região. “Quando chegávamos dentro das famílias começamos a notar a falta de assistência do Poder Público. São as nossas mulheres que mais sentem, em seus corpos periféricos, a chibata, elas quem sentem a falta de creches, falta de assistência médica…”, lamentou.
“Quando falamos em empreendedorismo para mulheres pretas, os caminhos são diferentes porque não empreendemos, a gente sobrevive. A gente busca nossa estabilidade. O empreendedorismo preto não começa nas lojinhas, começa nas ruas, onde o racismo estrutural nos impede de estarmos buscando nossa estabilidade financeira. (As mulheres periféricas) não têm dinheiro para investir. Essa é uma das preocupações que nosso coletivo tem; de dar estabilidade financeira”, declarou Winy.
Ela denunciou o aumento de mortes violentas de mulheres negras e que a falta de acesso às políticas públicas, a agressão dos companheiros, e casos de suicídio, ampliam as estatísticas.
“As práticas empreendedoras podem ser a solução, mas queremos ter direito à saúde, à educação, ao trabalho”, apontou.
Para o vereador Luiz Paulo amorim (PV) é difícil conseguir as políticas públicas para a periferia e quando se trata das mulheres. “Sabemos como é difícil e é ainda mais difícil porque a gente sabe que as mulheres têm a jornada dupla. Então, precisa desse empoderamento. Nunca vi esse aumento do feminicídio no Espirito Santo! Precisamos realmente fazer uma ação para que isso seja eliminado de forma definitiva”, disse.
A vereadora Camila Valadão parabenizou pelo tema. “Esse é um desafio que temos; potencializar essas comissões que tocam nos temas de nossas vidas. O que queremos para as mulheres pretas não é a lógica assistencialista, mas queremos que elas sejam potencializadas nas suas diversidades, na sua riqueza. Isso é fundamental”, ressaltou.
Karla Coser (PT) concordou. “O empreendedorismo das mulheres deve ser um passo para enfrentar a agressão contra as mulheres. Temos visto resultados positivos na sociedade de enfrentamento à violência, quando elas não têm dependência econômica.
Os vereadores entregaram uma Moção de Aplauso às representantes dos Coletivos, Priscila Gama e Winy Fabiano.
Estiveram presentes os vereadores: Karla Coser (PT), Luiz Paulo Amorim (PV) e Camila Valadão (PSOL).
Reprodução CMV
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