Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional reconhece ofício das paneleiras como bem de todo o povo brasileiro

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional reconhece ofício das paneleiras como bem de todo o povo brasileiro

Que o capixaba não abre mão de saborear uma deliciosa moqueca preparada na panela de barro, isso muita gente já sabe. É uma tradição, que já faz parte da cultura e da gastronomia do Espírito Santo. A produção das panelas é considerada “Patrimônio Imaterial” desde de 2002 e isso é motivo de orgulho para o nosso povo. Mas a novidade é que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela preservação e valorização de bens culturais do Brasil, reconheceu e revalidou que o ofício das paneleiras não é apenas um bem capixaba, mas de todo povo brasileiro.

Para quem vive dessa tradição, a revalidação é fundamental para o reconhecimento da atividade, como explica a artesã Berenicia Nascimento. “Ficamos muito felizes com essa notícia. A produção da panela de barro é responsável pelo sustento de pelo menos 86 famílias de Vitória. Essa atividade carrega os mais significativos traços da nossa história. Precisamos ser reconhecidas e valorizadas pelos nossos governantes, já que somos um patrimônio brasileiro. Somos as guerreiras que preservam essa tradição de geração em geração. Sem as paneleiras, não tem panela de barro”, lembrou.

Segundo o Iphan, os bens culturais registrados como Patrimônio Cultural passam pelo processo de revalidação a cada dez anos. O objetivo é investigar sobre a atual situação do bem cultural, verificar mudanças nos sentidos e significados atribuídos ao bem, entre outros aspectos. A revalidação também é uma forma de buscar e dar subsídio a ações futuras de proteção e valorização do patrimônio imaterial.

A diretora-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTIV), Camila Dalla Brandão diz que, a revalidação é importante, pois evidencia os traços que marcam os costumes capixabas.

A tradição das panelas de barro é um dos mais valiosos símbolos que o Espírito Santo tem. É um ofício que é passado de geração em geração e representa a força e a tradição dos povos que formaram a nossa cultura. É algo que vai além da panela: está no hábito e no comportamento do capixaba, que não aceita degustar uma moqueca que não tenha sido preparada na panela barro. A revalidação desse ofício, como Patrimônio Cultural do Brasil, é extremamente importante para a nossa sociedade. A iniciativa promove, amplia e fortalece essa bela tradição, que tanto nos orgulha”, comemorou.

De acordo com o secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno, é um merecido reconhecimento da atividade. “Estamos muito felizes com a revalidação do ofício das Paneleiras de Goiabeiras, pelo Iphan, como patrimônio cultural do Brasil. Esse reconhecimento é de fundamental importância para a valorização desse saber, desse conhecimento que é desenvolvido aqui, no nosso território, pelo nosso povo. Esse ofício representa a marca da nossa Cultura para o Brasil e até mesmo para algumas partes do mundo. Vale acrescentar que esse reconhecimento repercute também na nossa economia e turismo local. Não à toa a Secretaria de Cultura está concebendo um edital para concepção e instalação de um monumento em homenagem a esse ofício na capital”, afirmou.

As paneleiras de Goiabeiras

Um dos principais atrativos turísticos do Espírito Santo, as paneleiras de Goiabeiras foram incluídas no Livro de Registro de Saberes desde o ano 2002, e foi o primeiro bem registrado pelo Iphan, como Patrimônio Imaterial. A produção, realizada no bairro de Goiabeiras, envolve técnicas tradicionais e matérias-primas naturais. O trabalho é realizado principalmente por mulheres, que repassam seus conhecimentos às filhas, netas, sobrinhas e vizinhas. As panelas são feitas de argila e modeladas à mão. Depois de secas ao sol, são polidas, queimadas ao ar livre e impermeabilizadas com tinta de tanino, extraídas da vegetação típica do manguezal. A técnica é herança cultural Tupi-guarani e Una.

Reforma do Galpão das Paneleiras

A ordem de serviço para reforma do Galpão das Paneleiras foi assinada no dia 7 de julho, pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini. A prefeitura está fazendo a troca do piso vinílico (substituição das placas danificadas da rampa); a vedação externa em vidro para proteção da água da chuva; recuperação de painéis danificados no assoalho; e a recuperação das estruturas metálicas danificadas.

Tudo isso para receber turistas e moradores de forma mais confortável. O galpão é uma referência para a cultura e o turismo capixaba. É uma atividade que gera emprego, renda e colabora para o sustento de pelo menos 86 famílias de Vitória.

Monumento

A Secretaria Municipal de Cultura (Semc) publicou um edital no Diário Oficial de Vitória, o “Edital de Chamamento Público de Seleção de Proposta de Concepção, Construção e Instalação de Monumento ao Ofício das Paneleiras”. O edital, que já está disponível no site da Prefeitura de Vitória, selecionará uma proposta de monumento que deverá ser instalado entre as avenidas Fernando Ferrari e Adalberto Simão Nader com recursos da Lei Aldir Blanc.

Reprodução PMV