Lino Feletti: “O Centro de Vitória está sendo resgatado por todos nós”

Lino Feletti: “O Centro de Vitória está sendo resgatado por todos nós”

“Sou um Homem Feliz por viver no Centro de Vitória! Sou um cara feliz e gosto de me envolver com as coisas da sociedade para fazer a minha parte”.

Por Mário Berardinelli

Lino Feletti, 50 anos, pai de descendência italiana e mãe de descendência afro italiana. Ele é o atual presidente da atuante Associação de Moradores do Centro – AMACENTRO, reeleito para um segundo mandato como presidente da associação representativa de moradores, o atual líder comunitário do bairro Centro é nascido em Alegre,  gerado e criado em  Muniz Freire, primogênito de uma família de quatro Irmãos, filho de sitiantes, o senhor Ademar Feletti e dona Lucía Maria Feletti, trabalhadores rurais de origem humilde, Lino declara com orgulho ter nascido na roça, no interior de nosso estado.

Ao sair de Muniz Freire, em busca de estudos e trabalho, viveu um período de 14 anos em Cachoeiro do Itapemirim onde manteve sua atuação com o trabalho nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica, religião que solidamente, claramente, influencia em sua formação de pai de família e liderança política.

Sua residência em Vitória inicia aos 32 anos com a aprovação em concurso público para trabalhar na CESAN/ES, empresa estatal, onde atua profissionalmente como técnico em edificações. Tem também formação em técnico em contabilidade e de nível superior em fotografia.

Definido como uma pessoa feliz, calmo e extremamente atencioso, Lino Feletti é casado com Joiciara dos Reis, pai do Arthur dos Reis Feletti, alegria do lar com seus seis meses de idade.

Socialista, filiado ao Partido dos Trabalhadores, coleciona na política amigos em todas as legendas políticas. Indiferente a questões partidárias, defendendo sempre avanços para servir a comunidade, Lino Feletti vem sendo observado com destaque pela sua competência em conduzir os avanços necessários para renovar e ressuscitar o universo obscuro que durante anos tornou o Centro de Vitória o “patinho feio” da capital.

Nas suas Lutas a frente da comunidade conta com uma diretoria atuante nos enfrentamentos que tornaram outrora o “Glorioso Centro de Vitória” no bairro – região desprezada por administrações a frente do executivo municipal.

Ausência de Segurança Pública, mais de duas centenas de imóveis abandonados, expressivo número de moradores em situação de rua, má conservação de prédios públicos, evasão de empresas no comercio local, escolas públicas em situações precárias, patrimônios históricos abandonados, esquecidos de seus potenciais turísticos e culturais, são frutos, amargos frutos de 30 anos de decadência do nosso admirável bairro Centro e da região do Centro de Vitória.

Lutas e desafios, que habilmente vem consolidando, com apoio e parceiros de forma democrática e harmônica, unindo aos demais líderes de associações de moradores, iniciam a colecionar vitórias, avanços, que aos poucos reconduzirão ao pódio nossa querida Vila de Victória, origem de tudo em nosso estado.

Em entrevista ao site centrodevitoria.com.br  Lino,   define sua relação com o Centro como seu espaço na vida pessoal e comunitária.

Como foi o início de sua vida na política, da sua atuação na política?

Comecei a atuar na política cedo, na comunidade eclesial de base, a partir da catequese, na pastoral da juventude, depois pastoral das Vocações, e me envolvi também com o Centro de Cultura Italiana em Muniz Freire.

Aos 17 anos me filiei ao Partido dos Trabalhadores – PT. Já ativamente atuando partidariamente em Muniz Freire.

Aos 19 anos, fui morar em Cachoeiro de Itapemirim e mantive a atuação na comunidade eclesial de base, participei com demais jovens das eleições comunitárias de nosso bairro Agostinho Simonato, sempre atuando no Partido dos trabalhadores.

Aos 30 anos, trabalhei durante dois anos e sete meses como assessor do então Deputado Carlos Castilione – PT na Assembleia Legislativa.

Prestei concurso público para ser funcionário da CESAN/ES. Com 32 anos, e mudei definitivamente para Vitória. Novos ciclos de amizades foram surgindo e então passei a ter convivência com a cidade e o bairro.

Morando em Vitória, fiz o curso superior de fotografia e de maneira especial fui convidado para contribuir com a Escola de Samba Unidos da Piedade, fotografando as atividades da Escola de Samba, e fotografando também, outros movimentos culturais da cidade.

Entre muitos movimentos culturais que atuei como fotografo cito o “Regional da Nair”, o Bloco do amigo “Papo Furado” – “Arrastando o Papo” (“Papo Furado” é músico, compositor e personalidade ilustre do Centro), a fotografia acabou me fortalecendo nas relações sociais e populares do Centro de Vitória.

A sete anos atrás o Everton Martins me convidou para participar na chapa para concorrer nas eleições da comunidade do bairro Centro, representei a chapa na comissão eleitoral. Vencemos e o Everton Martins veio a ser o presidente da AMACENTRO, sendo convidado para atuar na Diretoria de Cultura de Paz e Segurança.

Ficamos na gestão pelos três anos, trabalhamos juntos na gestão do Everton e ao final da gestão o Everton não pode dar continuidade como presidente da AMACENTRO. Assim, tudo iniciou…

As suas trajetórias na Política acontecem naturalmente?

Sem forçar a barra, acontecem sempre naturalmente, a trajetória com a AMACENTRO é um exemplo. As coisas na minha vida também acontecem sempre sem forçar a barra, vai se desenvolvendo naturalmente, sem maiores intenções, exceto a de contribuir. Estou a quatro anos como presidente da AMACENTRO, começamos o segundo mandato em agosto de 2021 quando fomos reeleitos. Estamos no segundo mandato na associação de moradores, o mandato vai até agosto de 2024.

Quando falo Centro de Vitória, não falo apenas o bairro Centro. O que é o Centro de Vitória para na sua visão?

É onde nasceu a cidade de Vitória, região dos bairros Centro, Vila Rubim, Santa Clara, Piedade, Fonte Grande, Parque Moscoso, Moscoso, Ilha do Príncipe, efetivamente um território, influenciador da política do estado que até hoje o faz. Daqui saem influenciadores das mais diversificadas linhas políticas de participações coletivas, que interferem e sempre interferiram. O Centro de Vitória é uma grande referência na política, na administração pública de nossa cidade e também existe a questão cultural, muito expressiva.

A dita decadência do Centro de Vitória veio com a saída, evasão das instituições públicas iniciadas na década de 80, que persiste até hoje?

Sim, tem toda interferência, é bem definitivo em termos de ação que fez com que as coisas seguissem esse rumo, na queda da participação do Centro de Vitória nas decisões, como dito, a partir das décadas de 80, 90 quando o poder público começa a evadir do Centro de Vitória começou a esvaziar a representação política, sem dúvida, de fato aconteceu.

Foi levado com isso a questão do comércio que era a grande força, o motor, gerador, que tocava a questão econômica do Centro de Vitória na da economia estadual e municipal.

Com a abertura dos grandes Shopping fora do Centro de Vitória e posteriormente a questão do crescimento comercial nos bairros Campo Grande – Cariacica, Laranjeiras – Serra, Glória – Vila Velha, que trouxeram um esvaziamento ainda maior da economia no Centro de Vitória.

Era uma necessidade porque a Grande Vitória não se resume a um único bairro, a uma única cidade. Porém, a retirada dos equipamentos públicos, órgãos públicos foi mal pensada. Com essas questões a saídas de inúmeros trabalhadores e famílias agravou a situação, a frequência de pessoas diminuiu assustadoramente e degradou com o passar dos anos, com o tempo o patrimônio público e particular – residências, foram muito abandonados.

O próprio crescimento periférico da cidade de Vitória, os bairros J. Penha, Grande Goiabeiras, J. Camburi, Grande São Pedro, e principalmente a Enseada do Suá que absorveu grandes empreendimentos públicos e privados, agravou a situação dos bairros do Centro de Vitória e assim, o comércio declinou em rumo ao enfraquecimento econômico.

O centro deixou de ser a única opção de lazer, de comércio, de saúde e política, outras oportunidades foram criadas para o bem da cidade. Porém o Centro de Vitória ficou enfraquecido.

O Centro de Vitoria está esclarecido. O bairro Centro, como é o bairro a AMACENTRO representa?

Essa pergunta vem de encontro aos moradores do bairro Centro, dos antigos e dos mais novos como eu. O Centro é um lugar de afeto, as pessoas que moram no Centro, as pessoas que frequentam o Centro, o bairro Centro, pôr desejo de morar e frequentar possuem, cultivam uma relação de afeto muito grande com o bairro, e com a região.

Justamente por todos fatos, pela história da cidade. Existem famílias que estão a séculos aqui no Centro. No bairro Centro e no Centro de Vitória, famílias seculares que inclusive representam muito. Moram porque amam e costumamos dizer que é o nosso quintal, é uma relação muito próxima que temos.

Esse sentimento que ajuda a construir a discursão do verdadeiro valor e da importância política do Centro como bairro e da Região do Centro de Vitória.

Então o quintal dos moradores do Centro possui 470 anos de história?

É um quintal que possui história. Sem dúvida, está no patrimônio histórico, eu particularmente tenho uma relação com o Centro de 19anos, e eu percebo a relação com a história da cidade, nós temos nosso vice presidente, que é o professor Wallace que é historiador, ele é de Colatina, mas possui o mesmo afeto que as pessoas mais antigas possuem com o Centro – bairro, e o Centro de Vitória.

Faz parte da herança que o Centro de Vitória possui como centro cultural da cidade e do estado?

É uma coisa importante da gente falar, de sentir. Nós percebemos essa referência, a questão objetiva que se pode tocar que é a questão arquitetônica, os monumentos históricos. Estive conversando com Cecília Nascif, que é uma professora, doutora em artes, moradora do Centro de Vitória, mora ao ladinho do Viaduto Caramuru. Ela estava falando: “Todos os Monumentos Históricos da Cidade de Vitória estão no Centro de Vitória e quase todos no bairro Centro”. Declara a doutora Cecília, amiga e moradora do Centro.

São monumentos centenários, podemos citar, a Igrejas do Rosário, Palácio Anchieta, Teatro Carlos Gomes, Teatro Glória, a FAFI, a Academia de Letras, Viaduto Caramuru, Catedral Metropolitana entre outros. O parque mais afetuoso da cidade está no Centro de Vitória, o Parque Moscoso, centenário, o primeiro de todos. No bairro que possui seu nome, Parque Moscoso.

Aqui está a primeira igreja do estado, Igreja Santa Luzia, fundada por Duarte de Lemos, a 50 metros de onde moro na Cidade Alta. Pena que perdemos os bondes, o transporte a época do início do século XX. Extinto. Lamentável.

A história da Escadaria Maria Ortiz, homenagem a heroína. Os invasores que aqui foram derrotados, o Porto de Vitória no ontem e no hoje.

Sim, temos um belíssimo quintal de 470 anos…

Existe uma herança intelectual também?

A própria história do samba, a Velha Guarda do Samba Capixaba. Os 68 anos da Unidos da Piedade comemorados recentemente. Os desfiles de carnaval no Sambódromo, a relação com o bairro Santo Antônio, os blocos de rua que deram origem as escolas de samba.

O charme da Rua Sete e Gama Rosa, a Praça Costa Pereira, independentemente de você ser daqui ou não. A antiga sede da Prefeitura na Praça Ubaldo Ramalhete Maia. Na história mais recente o Blitz Bar, o Teatro Carmélia Maria de Souza, a primeira escada rolante da cidade, do estado, no Edifício Antares, enfim um quintal também intelectual, que retrata e registra nossa história como civilização.

Apesar dos esquecimentos que prejudicou e prejudica nosso turismo interno e externo. Tantos encontros e casos narrados pelos mais antigos como o próprio “Papo Furado”, figura do samba, da música, os músicos da terra capixaba, a poesia, o jornalismo. É nostálgico, sair pela Rua Sete de Setembro, sentar em um bar na Rua Sete ou na Gama Rosa, é muito bom.

Os mais novos ou os mais idosos, continuam adeptos da boemia. Os mestres do samba, as rodas de samba promovidas pela comunidade do samba. As peças de teatro no Carlos Gomes, no teatro Glória. As galerias de Artes.

A questão do silêncio, o horário de silêncio inibiu, atrofiou a vida noturna no Centro?

Somos o bairro com o maior número de idosos como morador. Torna-se necessário uma adequação dos bares e restaurantes, das casas noturnas na relação com a acústica, mas também, necessitamos de uma tolerância do morador, é uma relação muito difícil de ser construída, a pandemia atenuou a discursão, que necessariamente terá que ser feita por todos nós.

Em função dos idosos, do morador idoso, o Centro possui o maior número de idosos, em uma área mista de moradias e casas noturnas, a inovação nos equipamentos de som, nós temos muito que avançar na questão, comércio, serviços e moradias em especial a noite, das 18 horas as seis da manhã, pois existem eventos e casas noturnas que amanhecem com movimentos de boemia.

O teatro em si não traz nenhum tipo de problema, mas música ao vivo sim. Falta um pouco de respeito de quem emite o som, e de tolerância dos moradores. Ministério Público – MP, e demais instituições precisam buscar o diálogo sempre.

A prefeitura propõe a reurbanização da Rua Gama Rosa e da Rua Sete, como polo restaurantes e casas noturnas, haverá necessidade de um meio termo?

A discursão é e será continua, diária, rotineira. Ela não é nem será estancada em um dia, em um ponto só. De acordo que cada pessoa se sinta desrespeitado ela vai reclamar, tem o direito garantido por Lei. O cidadão, o morador vai recorrer ao Disk Silêncio, ao presidente da associação de moradores, ao Ministério Público. Se as posições de cada um, morador e comerciante, não coexistirem, é ruim.

Obras nas ruas Sete e Gama Rosa

É necessária, e nós que estamos na organização da sociedade civil temos que buscar sempre o diálogo. Agora é importante que cada instituição, cada bar, cada morador, cada cidadão, se coloque no lugar do outro. “Uma pouco mais de empatia, por favor!”

Procurar intender, os porquês. Cito como exemplos:

Porque fulano não fez o investimento na acústica?

Porque que o som está alto?

Porque tenho que abaixar o som?

Vai muito da relação interpessoal. É por isso que estamos aqui, nós da associação de moradores, é para isso que existimos institucionalmente, para propor o diálogo continuo, rotineiro e buscar soluções que possam permitir avanços e comunhão, pacificamente.

A prefeitura, a Gestão Lorenzo Pazolini tem atuado, caminhado no sentido de dar respostas aos problemas acumulados no Centro de Vitória e no bairro Centro?

Nós temos um colegiado das associações de moradores do Centro de Vitória. “Colegiado de Lideres” onde, lideranças de todos os bairros da região participam, possuem espaço. Temos uma pauta definida, e seria mentira de minha parte dizer que a prefeitura não tem dado tratamento para as questões do Centro de Vitória e do bairro Centro. A nossa primeira pauta é a construção do novo Colégio São Vicente de Paulo, no espaço do Antigo Colégio Americano, definimos como a obra mais importante e o Colégio está sendo construído.

Nós temos a restauração do Mercado da Capixaba, está em andamento a obra, uma obra importante, um patrimônio histórico importantíssimo para a nossa região.

A Gruta da Onça está novinha em folha, ou melhor o Parque Gruta da Onça, está reformado e com obras de contenção das encostas. O Viaduto Caramuru teve esse mês a ordem de serviço autorizada, um patrimônio histórico também. Nova escadaria de acesso ao bairro Santa Clara já foi entregue no ano passado.

A questão do lixo, é um problema sério no Centro de Vitória, no bairro Centro, em outros bairros. A coleta de lixo e limpeza de vias a prefeitura tem que rever. Educando constantemente a população.

Eu, tenho claro que muito do problema do lixo está ligado a atitude das pessoas, do bares, restaurantes e comércios do Centro de Vitória em geral. A prefeitura deve a população em relação ao lixo, na coleta de lixo, deve sim. A transformação da cultura da população na questão do tratamento do lixo, ajudar a transformar a cultura, fazer com que as pessoas entendam, que o seu lixo é uma responsabilidade sua, de sua família, de seu estabelecimento comercial até o horário do caminhão de lixo passar para coletar. Isso não está bom.

A prefeitura, os varredores passam no Centro de Vitória todos os dias fazendo a varrição, até poucos dias foram instaladas novas papeleiras, lixeiras. Faltam lixeiras, faltam em muitos locais importantes.

Faltam contentores de lixo em diversos locais, faltam sim. Se a moradora, o morador, o condomínio, o comerciante, entender que o lixo dele deve ser colocado para fora de casa dentro de um contentor fechado, em sacolas de lixo fechadas, ali na calçada, o mais próximo do horário do caminhão de lixo passar, nós resolveríamos 80% da questão do lixo no bairro Centro e no Centro de Vitória. É em relação a essa construção de mudança cultural, de educação em relação ao tratamento do lixo a ausência principal do poder público neste quesito.

E com relação a questão da coleta seletiva?

Se todos os prédios, condomínios tivessem a cultura de separar o que é reciclável e o que não se recicla, e contatar a própria prefeitura, o quadro seria outro. Eu faço a separação em minha casa, meu condomínio faz a separação, estando separado, será tratado na usina, tem algo para ser tratado após isto sim, mas está fora do bairro, uma questão problemática.

Outra questão é o diálogo. Mas não é o diálogo para atender o Lino, presidente da AMACENTRO. Eu, falo com qualquer secretário da prefeitura, eles me atendem. Eu falo falta de diálogo no debate para o meio da sociedade.

Cite exemplo, onde a política de diálogo foi positiva para a solução de questões da comunidade?

No projeto da Rua Gama Rosa e Rua Sete de Setembro. A PMV em reunião apresentou o projeto. Conversamos e realizamos reunião com mais de 70 pessoas, tivemos sugestões dos participantes da reunião, assembleia de moradores. O projeto voltou para prefeitura e posteriormente o projeto voltou para comunidade e foi aprovado por unanimidade. Depois tivemos umas pequenas solicitações referente a vaga de estacionamento e elevação de piso na Rua Sete.

A PMV me informou e sugeri voltar para rediscutir aqui na comunidade, com as pessoas. Um projeto que foi aprovado por unanimidade não pode ser discutido por um grupinho. Ai a prefeitura não veio, eu disse: Lá na prefeitura eu não vou, vamos discutir aqui no bairro, propus.

Não podemos esvaziar a representação própria dos moradores, da reunião na comunidade, foi tão legal o início e depois não foi bom. Tomara que a prefeitura volte para fazermos um fechamento do projeto. A questão não pode ser definida por um grupo.

O que mais sugere a prefeitura?

Você ao passar nas calçadas, percebe que estão sujas, estão pretas, parecendo espaços largados. Já solicitei, falei várias vezes para fazermos uma lavagem de alta pressão nas calçadas, a praça Ubaldo ramalhete é um exemplo. Ela estará incluída na reurbanização da Gama Rosa e Rua Sete, mas é até lá, necessita de uma limpeza como solicitamos. A gente não sabe quando virá a ordem de serviço da reurbanização da Gama Rosa e Rua Sete de Setembro.

A questão do RETROFIT, da lei aprovada pela Câmara Municipal de Vitória, apresentado a comunidade, como avalia?

Os moradores pensam que realmente é bom para o bairro Centro, para o Centro de Vitória, mas falta algumas coisas para este projeto. Falta um projeto de moradia para o Centro de Vitória, como aconteceu no antigo Hotel Estoril, Tabajara, Santa Cecília, que foram projetos bons que deram certo, precisamos de um investimento real, pela necessidade de atender. Com tantos imóveis vazios, existem ferramentas legais, leis que já existem para a prefeitura ocupar estes espaços, imóveis. Enfim, para repovoar o Centro de Vitória, com tantas pessoas morando em área de risco nas comunidades mais carentes, precisando de local para morar.

Nós temos em Vitória tanta casa sem gente, e tanta gente sem casa. São pessoas do bem, gente nossa, trabalhadores. Não há problemas de gente humilde vir a morar no bairro Centro, no Centro de Vitória.

Outra questão seria ampliar a abrangência do projeto RETROFIT estendendo até a Vila Rubim e Parque Moscoso.

Incentivo, fomento, recursos para atrair o interesse dos proprietários de imóveis a investirem em seus patrimônios. Tem também os imóveis da prefeitura que estão também abandonados e imóveis de particulares abandonados, com dívidas ativa de valores expressivos com a prefeitura.

E o Prédio do antigo IAPI, na Praça Costa Pereira? 

Acredito que não há possibilidade de cair, porém não vejo solução para a questão. Não vejo solução e esperança que possamos tornar o edifício do antigo IAPI em moradia popular. Não é um prédio da prefeitura nem do governo estadual, é patrimônio do governo federal. Precisamos cobrar do Governo Federal uma posição sobre a vergonhosa situação do imóvel. Envergonha nossa cidade, nosso bairro. Existe até um projeto elaborado pela UFES para poder tratar a questão do imóvel gerenciado pela Secretaria de Patrimônio da União – Governo Federal. Não existe uma política de governo para o Prédio do Antigo IAPI.

Temos que construir uma solução, temos que buscar, a prefeitura possui um levantamento e temos no Centro de Vitória 227 imóveis sem função social, subutilizados.

Temos muita coisa para tratar. Vejo a ocupação com moradias populares como uma boa ação para o Centro de Vitória.

A despoluição da Baía de Vitória é uma questão necessária. Você viu alguma ação no sentido de buscar a despoluição do nosso cartão postal?

Desde que cheguei em Vitória a única ação que vi foi: “tiraram os catraieiros e fizeram mais um cais do porto”, somente. Aprofundaram mais a entrada do canal, da Baía de Vitória para receber navios de maior porte. A escada que era utilizada para embarque de passageiros está lá toda enferrujada. Eliminaram os catraieiros e atenderam as demandas do Porto de Vitória e a tradição dos catraieiros foi extinta.

Tiraram a CODESA que era pública, com quem possuíamos diálogo e privatizaram. Uma “nova” CODESA que nunca nos procurou para nada. É só isso. A CODESA necessita abrir uma linha de diálogo com as comunidades do Centro de Vitória.

O que tinha de regata do Clube Álvares e Saldanha continua tendo de vez em quando. Não mudou, não existe nada de despoluição da Baía de Vitória.

Com relação a população de moradores em situação de rua, reabilitação passa por viabiliza-los socialmente pelo oficio do trabalho?

Esta uma pergunta mais científica do que política, a princípio. Vamos precisar da política para tratar o ser humano. A saída para essas pessoas, para questão, é determinação política, é projeto político para essas pessoas. Que envolve psicologia, psiquiatria, educação, saúde, sociologia, economia e trabalho, ocupação também. Ressocialização como um todo.

E mais… com tudo que se tiver, propor, fizermos, ainda haverá moradores em situação de rua. O Canadá que é uma das dez maiores economias do mundo, entre os dez países de menor corrupção do mundo, qualidade de vida lá no alto, mas tem moradores em situação de rua. Poucos, mas tem. Não adianta dizer que o morador em situação de rua tem que sumir, sempre houve.

Faço uma analogia, quando Adão e Eva foram expulsos do “paraíso”, ficaram vagando. Agora quem está ali porque não possui condições de sair é outra história. Existe sim aqueles que com apoio do estado possuem condições de sair da situação de morar na rua. Existe.

Como são as nossas feirinhas de hortifrutigranjeiros realizadas no bairro?

Vamos falar da feira do sábado. É um evento muito legal, uma coisa legal ir a feirinha aos sábados, são espaços de encontros de bate papo, rever amigos, contato com moradores, há debate, os produtos em geral são de boa qualidade, preços bons. Agora, gostaria de solicitar aos feirantes, expositores de produtos hortifrutigranjeiros uma coisa. Peço a eles um pouco mais como representante dos moradores. Nossos feirantes, expositores, chegam aqui e encontram tudo limpo. Solicito, gostaria, que acondicionassem melhor o lixo pois, são muito poucos que se preocupam com o acondicionamento do lixo. Porque não pega esse material e leva lá para o campo para voltar a nutrir o campo, a terra. Devolve para o campo e será menos uma sujeira aqui.

Eles recebem a via pública totalmente limpa e se não fosse a prefeitura que eficazmente limpa toda região do evento da feira, ficaria muito difícil para comunidade retomar sua via pública a normalidade pós feira de hortifrutigranjeiros.

Nós temos também a feira de hortifrutigranjeiros orgânicos, realizadas na Praça da Catedral, na Cidade Alta.

 

Por Mário Berardinelli