Seminário chama atenção para ações conjuntas e garantia de direitos infantis
Oportunizar, apoiar, acreditar, incentivar, proteger e apostar. Verbos de significados diversos, mas que para a vida de crianças e adolescentes pode ter o mesmo significado: garantia de direitos, a abertura de novas possibilidades e alternativas seguras fora da fila de trabalho infantil.
O que pode ser ilustrado por histórias, como a da adolescente Daniele da Silva de Souza, de 15 anos, que estava atuando como mestre de cerimônia no I Seminário Estadual Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e o V da Região Metropolitana, que aconteceu nesta quarta-feira (19), no auditório do Sebrae, na Enseada do Suá.
Caçula de uma família de quatro filhos, ela disse saber do privilégio que é não fazer parte das estatísticas de trabalho infantil; de ter uma família que a apoia, que a incentiva a estudar, que ensinou princípios. Além de ter consciência, que o apoio sempre recebeu da família e por onde passou contribuíram para chegar onde estava e para manter os próprios sonhos vivo dentro de si.
Ela contou que até então nunca havia se imaginado atuando como cerimonialista, mas disse acreditar que está colhendo tudo que plantou. Quando questionada sobre “quais sementes havia jogado para o universo”, Daniele prontamente fez questão de afirmar: “Eu plantei amor. Eu plantei acolhimento. E através do apoio que recebi da rede Alsa (Associação Lar Semente do Amor (Alsa) perdi o medo de me expor, de cantar, de sorrir e de ficar feliz”, disse ela.
Ao falar com tanta segurança, saber se ela nunca teve medos foi uma curiosidade natural. “No começo achei que não seria nada. Ouvi muito: Por que você quer fazer tal coisa se isso não dá dinheiro? Sempre respondi: Eu não me importo com dinheiro. Me importo com o bem estar das pessoas. Eu me importo com o que vou mostrar. Me importo como vou passar o que está dentro do meu coração para as outras pessoas”, respondeu Daniele.
Sonhos
Durante a conversa, a adolescente de sorriso largo e farto no rosto, que esbanjava segurança, revelou seus sonhos: “tenho muitos sonhos. Tenho um sonho muito grande que nasceu do incentivo das pessoas que é participar do The Voice (reality show da Globo). Quero conhecer o mundo, conhecer novas técnicas vocais, lugares, novas estratégias de viver melhor e me tornar uma pessoa ainda melhor”, falou ela.
Foi sobre oportunidades, apresentar alternativas e, principalmente, atuar para erradicação do trabalho infantil que trabalhadores e gestões da política de Assistência Social do Estado e da Região da Grande Vitória se reuniram no seminário, participando de palestras com a temática.
Entre aplausos, após a apresentação do Coral Serenata D´Favela, Luciene Pratti falou: “a nossa causa é sobre trabalho. O nosso trabalho é fazer com que os adolescentes entendam que só o trabalho vai fazer ele seguir vivo. Lá, no alto, o trabalho infantil tem um contexto de sobrevivência. O trabalho é o que vai mantê-los vivos, fazer com que ele siga vivo. Esta é uma luta constante lá no alto. Espero que todos aqui, neste seminário, consigam principalmente trazer uma luz para os meninos e meninas lá do alto”.
Para a psicóloga Júlia Santos, que atua com adolescente em medida socioeducativa na Serra, o seminário foi importante para saber o que está sendo pensado e o que é possível construir juntos. Para o educador social Kleber Marins, que trabalho no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Maruípe, o evento é uma oportunidade de compreender melhor e pensar em possibilidades em se criar ações com viés também nas famílias.
Entre as falas de gestores da Assistência Social, a secretária da pasta de Vitória, Cintya Schulz, fez questão de ressaltar que o combate ao trabalho infantil é uma luta diária no município. “Essa chaga social deveria ter sido extinta. Mas, houve um retrocesso no país nos últimos anos. Temos muito o que brigar, discutir, falar desmistificar. As pessoas romantizam. Quando falamos de trabalho infantil falamos de crianças e adolescentes pobres, pretas e pardas. Precisamos envolver outras políticas, precisamos avançar”, disse a secretária.
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