A Mudança da Câmara de Vitória para o Antigo Aeroporto: Reflexões sobre uma Decisão Estratégica
Em política, a localização geográfica das instituições governamentais faz toda a diferença na experiência democrática. Daí a importância de levar assuntos desse contexto ao debate público. É o caso da proposta de mudar a Câmara dos Vereadores de Vitória para o antigo Aeroporto da cidade. A possibilidade convida à ponderação, porque afeta sobremaneira a vida política na cidade.
O presidente da Câmara de Vitória, Leandro Piquet (Republicanos), anunciou a possibilidade de transformar o antigo Aeroporto, localizado na Avenida Fernando Ferrari, em Goiabeiras, na nova sede do Legislativo municipal. A escolha foi precedida por um chamamento público, no qual três empresas manifestaram interesse. Apenas o antigo Aeroporto se encaixou no propósito da construção.
O processo deixa claro que a Câmara dos Vereadores agiu com lisura. Não houve abuso ou irregularidade. A licitação foi aberta ao público, e somente um dos concorrentes atendeu às futuras necessidades da instituição. Apesar disso, a situação gera um debate inevitável: não seria melhor trazer a Câmara para o Centro da cidade? Seria a escolha perfeita para estabelecer uma conexão mais estreita entre a casa legislativa e os cidadãos.
Instalar a Câmara no coração da cidade traria diversas vantagens. Permitiria ocupar prédios abandonados, revitalizando o Centro. Aumentaria a circulação de pessoas, beneficiando o comércio local, que enfrenta hoje muitos desafios. Além disso, o mais importante: facilitaria o acesso dos cidadãos às decisões municipais, aproximando a “casa do povo” e a população.
A situação remete à mudança da capital brasileira. Outrora localizada no Rio de Janeiro, ela foi transferida para Brasília na década de 1960, durante o governo presidencial de Juscelino Kubitschek. Na época, dizia-se que instalar a capital no centro do País traria equilíbrio governamental, porque localizaria as decisões em meio a todas as regiões do país.
O resultado foi o contrário: a mudança do Rio para Brasília isolou o centro decisório, criando entre o povo e os governantes um abismo primeiro geográfico e, depois, político. Imaginem se a Câmara dos Deputados Federais estivesse hoje localizada no coração de São Paulo. Se fosse ali, será que as decisões políticas do nosso povo seriam as mesmas?
Neste momento, em que a possibilidade da mudança da Câmara de Vitória se desenha no horizonte, é imperativo que a população esteja atenta e participe ativamente desse debate. A proximidade entre a Câmara e os cidadãos é essencial para uma democracia vibrante e uma representação eficaz.
A Câmara de Vitória deve e precisa estar próxima ao povo. Quem sabe, o local mais propício para isso seria o Centro da cidade. Mesmo que não seja de fato, a situação leva a pensar na importância do Centro à vida coletiva da cidade. Convido a todos a refletirem sobre essa questão, pois a participação ativa da população nas decisões municipais é a base de uma democracia saudável.
Editor-chefe, publicitário, jornalista e especialista em marketing político, com vasta experiência em gestão editorial, desenvolvimento de estratégias de comunicação e campanhas políticas de alto impacto.