Capixaba tem menos poder de compra com preço de alimentos e gasolina mais caros
A alta dos preços continua a todo vapor no Espírito Santo e em todo o Brasil. Seja para adquirir alimentos ou para se locomover de um ponto a outro — com veículo próprio, de ônibus ou transporte por aplicativo —, o custo de vida tem ficado cada vez mais pesado para o capixaba.
Na última sexta-feira (08), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apontou uma alta de 1,5% na Grande Vitória durante o mês de março.
O índice foi maior do que o registrado em fevereiro, quando o IPCA fechou em 0,88%. No acumulado dos três meses deste ano, a inflação na Região Metropolitana do Espírito Santo já chega a 2,96%. E nos últimos 12 meses, ela bateu em 11,94%, maior do que a registrada no Brasil, de 11,3%.
Mas é no supermercado que o peso da inflação é ainda mais sentido. Segundo o IBGE, os itens de alimentação e bebidas tiveram avanço de 2,76% em março. As maiores altas do período foram registradas nos preços da cenoura (31,57%), tomate (24,01%) e mamão (21,02%).
O segmento de transportes também teve alta significativa de preços no mês passado, chegando a 2,26%. J´a no item habitação, o IPCA medido foi de 1,89%, enquanto em vestuário, o índice foi de 1,53%.
Confira os números do IPCA medidos pelo IBGE
O economista Ricardo Paixão destaca que a alta inflacionária corrói o poder de compra da população, principalmente dos mais pobres.
“Eles são mais afetados porque, muitas das vezes, já estão no limite. Já cortaram o que poderiam cortar, estão comprando somente aqueles itens necessários para sua alimentação e, mesmo assim, eles estão vendo, no supermercado e na maioria do comércio, os preços se elevando”.
Já o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF) do Espírito Santo, Paulo Henrique Correa, ressaltou que a recomposição salarial dificilmente vai repor as perdas do trabalhador. Ele se preocupa também com a taxa de juros, já alta, e que pode subir ainda mais no País.
“Um dado importante que temos que analisar será a atuação do governo e das autoridades monetárias com relação às taxas de juros. Sabe-se que o remédio é amargo e, certamente, o Banco Central, nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), deverá fazer algum aumento de juros para tentar segurar essa inflação”, frisou.
IPCA de março é o mais elevado para o mês desde 1994
No Brasil, a inflação medida pelo IPCA fechou março com alta de 1,62%, ante um avanço de 1,01% em fevereiro. A taxa acumulada pela inflação no país, durante o ano, ficou em 3,2%.
A alta registrada no mês passado no País foi a variação mais acentuada para março desde 1994, quando o índice havia sido de 42,75%, no período de alta inflação que antecedeu a implementação do Plano Real
Considerando todos os meses do ano, o IPCA de março foi o mais elevado desde janeiro de 2003, quando esteve em 2,25%. No mês de março de 2021, o IPCA tinha sido de 0,93%.
A taxa em 12 meses passou de 10,54%, em fevereiro, para 11,30% em março, de acordo com o IBGE, resultado mais elevado desde outubro de 2003, quando estava em 13,98%. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,50%, que tem teto de tolerância de 5%.
Alimentação e transportes respondem por 72% da inflação
No mês passado, os aumentos nos gastos das famílias com alimentação e transportes responderam juntos por cerca de 72% da inflação oficial no País. No entanto, as altas de preços foram disseminadas, alcançando oito dos nove grupos que integram o IPCA.
Aumento do preço da gasolina contribuiu para a alta da inflação registrada em março
As famílias gastaram mais com Alimentação e Bebidas (2,42%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,88%), Habitação (1,15%), Artigos de Residência (0,57%) Vestuário (1,82%), Transportes (3,02%), Despesas Pessoais (0,59%) e Educação (0,15%). O único grupo com deflação foi Comunicação (-0,05%).
Em Habitação, a alta de 1,15% gerou uma contribuição de 0,18 ponto porcentual para a taxa de 1,62% registrada pelo IPCA.
O avanço no grupo foi puxado pelo aumento dos preços do gás de botijão (6,57%). A Petrobras concedeu em 11 de março um reajuste de 16,06% no preço médio de venda do GLP para as distribuidoras, lembrou o IBGE.
A energia elétrica subiu 1,08% em março, devido a variações que se estenderam de uma queda de 3,18% no Recife (onde houve redução de PIS/Cofins) a uma elevação de 4,66% no Rio de Janeiro, em consequência de reajustes nas duas concessionárias de energia pesquisadas.
O gás encanado aumentou 4,23%, com elevações em Curitiba e Rio de Janeiro. A taxa de água e esgoto subiu 0,11%, com reajustes em Aracaju, Goiânia e Fortaleza.
Em Vestuário, todos os itens tiveram aumentos, com destaque para roupas femininas (2,32%) e calçados e acessórios (2,05%). Os preços das joias e bijuterias subiram 1,18%.
O resultado do grupo Saúde e Cuidados Pessoais foi puxado pelas altas dos itens de higiene pessoal (2,25%) e produtos farmacêuticos (1,32%).
O plano de saúde caiu 0,69%, refletindo ainda o reajuste negativo de -8,19% aplicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no ano passado.
Cenoura teve alta de 166% em 12 meses
Sete produtos subiram mais de 50% no acumulado de 12 meses a ajudaram a puxar a inflação para cima no período. Dos mais de 400 itens acompanhados pelo IBGE, a cenoura é a que ficou mais cara no acumulado de 12 meses: alta de 166,17%.
Aumento do preço da cenoura, nos últimos 12 meses, foi de 166,17%
Os sete produtos seguintes no ranking são todos da área de alimentos e bebidas: tomate (94,55%), pimentão (80,44%), melão (68,95%), melancia (66,42%), repolho (64,79%), café moído (64,66%) e mamão (54,95%).
Dois combustíveis completam a lista de “top 10” dos produtos que mais subiram os preços no período: óleo diesel (46,47%) e gás veicular (45,54%).
Os maiores impactos na inflação de março vieram justamente das áreas representadas acima: os setores de Transportes (que inclui combustíveis e representou 0,65 ponto porcentual do aumento) e Alimentação e bebidas (0,51 ponto).
Reprodução: Folha Vitória
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