Reinfecção da covid-19 pode ocorrer em apenas 20 dias

Pouco mais de dois anos se passaram desde o início da pandemia provocada pela covid-19. Segundo especialistas, com o passar do tempo muitas coisas mudaram e entre elas a dinâmica da reinfecção. O motivo, a mutação do SARS-CoV-2 (vírus). A Ômicron é a variante mais transmissível da covid.

Se antes falava-se entre 90 dias e 6 meses de imunidade após contaminação, agora esse período é bem mais curto. Já existem relatos de pacientes reinfectados com 20 dias de intervalo. Isso é o que apontou um estudo feito por pesquisadores na Dinamarca.

Em entrevista ao Folha Vitória no último dia 30 de junho, a epidemiologista Ethel Maciel, pós-doutora, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS), explicou que, enquanto o vírus faz mutações e novas variantes vão surgindo, as pessoas podem, sim, se reinfectar.

“Difícil é se reinfectar com a mesma variante, mas não há um limite, à medida que as mutações são infinitas. O que existem também são pessoas imunes ao vírus, que são poucas e há estudos para identificar o que as leva a não desenvolverem a doença, para que novas vacinas e medicamentos possam ser feitos. À medida que o vírus evolui, a ciência também vai evoluindo. Nesse momento a Pfizer e a Moderna já anunciaram vacinas de nova geração, remodeladas para a variante Ômicron”, destacou a professora.

Segundo dados divulgados pela Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no mês passado, entre 20 de maio e 2 de junho (menos de duas semanas), foram computados 69 casos de reinfecção pela covid-19 no país sendo 48 deles, associados à reinfecção pela Ômicron.

Vacinas x reinfecção

O fato é que, todos os vírus mudam com o tempo. Com o SARS-CoV-2 não é diferente. Segundo informações divulgadas pelo Instituto Butantan, quanto mais o vírus é transmitido, maiores as chances dele sofrer mutações.

Diante de tantas variantes e subvariantes, muitos têm se perguntado quando é que novas gerações de vacinas estarão disponíveis no mercado. O infectologista Lauro Ferreira Pinto, ouvido pela reportagem na semana passada, disse que já existe um trabalho voltado para isso.

“Há também um esforço em discussão de desenvolver uma vacina que consiga proteger das variantes. Seja uma nasal ou não, que consiga proteger de todo e qualquer coronavírus. Já existem testes e estudos neste sentido. O que as vacinas disponíveis resolveram até aqui foi covid grave. O óbito é muito mais raro em vacinados do que em não vacinados, mas, é claro, não é impossível: há algumas pessoas com muitas comorbidades que, mesmo vacinadas, morrem de gripe e podem também morrer de covid”, acrescentou Lauro.

 Um outro ponto importante é que mesmo sem novas vacinas, é fundamental manter o esquema vacinal em dia. Pessoas vacinadas costumam desenvolver menos a doença.

“Mas não necessariamente há uma diferença grande. O que muda é que elas transmitem a covid por menos tempo. A vacina também diminui a gravidade da infecção”, concluiu.

Medidas de proteção ajudam a evitar transmissão da ômicron

A grande questão é que apesar de ser altamente transmissível, a variante ômicron, em circulação no Brasil, causa quadros mais leves da doença e isso acaba resultando em uma menor taxa de detecção, contribuindo mais para a transmissão, de acordo com o Butantan.

Portanto, autoridades da área de saúde são categóricas em afirmar que evidências mostram a necessidade da manutenção das medidas de proteção para reduzir a transmissão do vírus.

Evitar ambientes fechados, sem ventilação, aglomerações, fazer o uso de máscara e a higienização constante das mãos com álcool em gel e água e sabão ainda são de extrema importância para combater a disseminação da ômicron.

 

Fonte: Folha Vitória