Vitória vai recuperar nascentes e construir 15 fontes públicas
Entre as grandes riquezas da Área de Proteção Ambiental (APA) do Maciço Central estão várias nascentes já identificadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam). Para utilizar esses mananciais na criação de fontes públicas, disponibilizando a água potável para uso alternativo e até para o abastecimento das comunidades em situações emergenciais, e também em serviços como irrigação, dessedentação da fauna, combate a incêndios florestais e limpeza pública, a Prefeitura de Vitória criou o Programa Fonte Viva, lançado pelo prefeito Lorenzo Pazolini, na manhã desta terça-feira (14), no Parque Municipal de Barreiros.
“Em menos de um ano de trabalho, estamos mostrando nosso compromisso ambiental e social. Com o Fonte Viva, mais do que cuidar das nascentes, estamos cuidando de vidas. Estamos criando um ambiente propício para novos negócios e empreendimentos que tenham esse mesmo compromisso com a cidade. Com poucos recursos, estamos realizando ações estruturais”, disse o prefeito Lorenzo Pazolini, na solenidade de lançamento do programa.
O Fonte Viva compreende a elaboração de estudos hidrológicos, que identificam a qualidade e a quantidade de água, em 25 nascentes (confira na lista abaixo) em uma primeira fase. A partir desses estudos, o programa prevê o desenvolvimento de projetos de engenharia e de obras para construção de fontes e de outras estruturas para armazenamento e distribuição das águas nos 15 pontos que apresentarem maior potencial hídrico. Os recursos foram captados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), totalizando US$ 430 mil (cerca de R$ 2.4 milhões).
Compromisso ambiental
Segundo o secretário de Meio Ambiente de Vitória, Tarcísio Föeger, atualmente, alguns mananciais fluem diretamente para a rede de drenagem, sem nenhum aproveitamento da água. Os estudos indicarão as intervenções e melhorias que cada nascente deverá receber para preservar o manancial e para possibilitar o armazenamento, a distribuição e o uso da água. O programa também possibilitará a canalização para serviços como irrigação de áreas verdes e abastecimento de lagos em parques e praças, por exemplo.
“Muitos dos mananciais definidos no Fonte Viva ficam nas áreas mais altas da cidade, as “pontas de rede”, que são mais suscetíveis às interrupções no abastecimento de água. O Fonte Viva vai possibilitar a construção de fontes públicas permanentes, que, em casos emergenciais, poderão amenizar os efeitos do desabastecimento nessas comunidades”, explica o secretário. Ele conta que o Fonte Viva era uma ideia antiga na Semmam. “Faltava um gestor jovem e empreendedor, como Lorenzo Pazolini, para concretizar o programa. Vamos continuar pesquisando cada olho d ‘ água, cada nascente. Já temos cerca de 70 pontos identificados”, disse Tarcísio.
Fontes pela cidade
Entre as nascentes contempladas no projeto estão a tradicional Fonte São Benedito, a antiga Fonte Grande, outrora responsável pelo abastecimento público de parte dos moradores do Centro de Vitória. A nascente da Lagoa Funda, na antiga Pedreira Rio Doce, também integra o projeto, com suas características de grande interesse para o lazer, os esportes e o turismo.
Poucas pessoas conhecem a bica na Rua Genebaldo Rosas, que tem considerável volume de água e é originada entre os matacões, em área coberta pelas florestas do Morro da Fonte Grande. Atualmente, a água é canalizada para rede de drenagem. Tem também a nascente do Cras, no final da rua Loren Reno, no Bairro Moscoso, cuja água é captada por famílias vizinhas para usos diversos. A expectativa dos técnicos é que essa fonte venha a ser aproveitada para abastecer os lagos do Parque Moscoso.
Toda essa riqueza nasce na APA do Maciço Central, que reúne unidades de conservação totalizando mais de 400 hectares de Mata Atlântica, como o Parque da Fonte Grande, o Parque Pedra dos Olhos, Parque Gruta da Onça e o Parque Vale do Mulembá. Várias comunidades vizinhas dessas áreas já são beneficiadas por fontes e bicas existentes na região. Com o Projeto Fonte Viva, o potencial de cada nascente será estudado e elas receberão melhorias.
Nascentes que integram o Projeto Fonte Viva
1. Poço das Mangueiras – Sítio Machadinho – É a principal fonte que abastece a comunidade residente no campinho da Fonte Grande, onde não há rede pública de abastecimento de água.
2. Nascente do Córrego Fradinhos – Braço Machadinho – A água nasce na região do sítio Machadinho e corre submersa no fundo do vale, sob matacões, até seu afloramento, onde encontra com pastagem, animais soltos e habitações.
3. Nascente do Bambu – Condomínio Recanto das Pedras – Originalmente, a água aflorava no interior de uma moita de bambu, que não existe mais. A água é canalizada eabastece a uma residência na área do “campinho” da Fonte Grande.
4. Fonte do Cazuza – Fonte Grande – Esta é uma das nascentes mais preservadas da cidade. Aflora no Parque da Fonte Grande, sob matacões, e sua bacia de contribuição está coberta por mata atlântica em estágio avançado de regeneração. É utilizada para consumo humano.
5. Fonte São Benedito – Moscoso – Antiga Fonte Grande, já foi responsável pelo abastecimento público de boa parte dos moradores do Centro de Vitória. Atualmente, a fonte é utilizada para limpeza doméstica pela comunidade próxima.
6. Bica na Rua Genebaldo Rosas nº 629 – Moscoso – Essa fonte tem considerável volume de água, originada entre os matacões, em área coberta pelas florestas do Morro da Fonte Grande. A bacia de contribuição é a mesma que a da fonte de São Benedito e a água atualmente é canalizada para rede de drenagem.
7. Captação Principal – Parque Gruta da Onça – O córrego da Gruta da Onça já foi responsável pelo abastecimento dos moradores da esplanada capixaba, que buscavam água em uma fonte construída no século XIX, atualmente desativada. Da principal nascente partem tubulações que que distribuem água para o parque e residências vizinhas.
8. Nascente na entrada do Parque Gruta da Onça – Essa nascente aflora sob uma grande rocha e é armazenada em um pequeno tanque. Sua água tem aspecto límpido e é utilizada por lavadores de carro e outros fins semelhantes.
9. Córrego Zé Ganda – Parque da Fonte Grande – A nascente está em área bem preservada.
10. Córrego Dona Jandira – Parque da Fonte – Um dos recursos hídricos de maior volume e de melhor qualidade existentes na cidade. O córrego possui água límpida, com presença de pequenos peixes e vegetação flutuante, percorre área de floresta e deságua na galeria do córrego Fradinhos.
11. Nascente próximo ao lago – Parque Tabuazeiro – Um pequeno poço, aberto por escavação, acumula a água que brota ao sopé da encosta.
12. Nascente da Caixa d’Água – Parque Tabuazeiro (Sítio José Machado) – É um pequeno poço que aflora sob uma rocha e acumula-se em caixa de cimento, infiltrando-se novamente à jusante.
13. Nascente do Matacão – A água aflora sob uma grande rocha e acumula-se, com aspecto límpido, em um pequeno lago. A água é consumida somente pelo gado do local.
14. Nascente no Sítio de Adelina Cardoso – Divisa com o Morro do Macaco – Aflora em uma área com cobertura de Mata Atlântica, em bom estado de conservação, formando um pequeno curso d’água que corre no sentido paralelo à comunidade do Morro do Macaco, em uma área de pastagem.
15. Nascente junto à Rua das Goiabeiras – Bairro Universitário – Possui grande volume de água límpida. Aflora sob um matacão, formando um córrego que corta terrenos particulares. O local apresenta-se descaracterizado por ações como supressão de vegetação e lançamento de lixo e entulho.
16. Quintal de Francisco Fernandes Lima – Rua Saudário Fontoni, Sata Teresa – Três nascentes jorram no quintal da família, que utiliza dessa água para criação de animais. Em caso de falha no abastecimento público, vizinhos também se utilizam dessas nascentes.
17. Córrego Jacaré – Bairro São José – Nasce em região limítrofe com o Parque da Fonte Grande, na propriedade da família Gasparini (Sítio Jacaré), mas desaparece em períodos de extrema seca. A nascente aflora sob um grande matacão, numa área de pastagem.
18. Nascente do Córrego Mulembá – A nascente principal do córrego Mulembá nasce no fundo do vale, vindo a receber outras contribuições ao longo de seu trajeto.
19. Lagoa Funda – Pedreira Rio Doce – Acredita-se que a profundidade desta lagoa chega a 12 metros e tem potencial para o turismo, lazer e esportes. No entanto, a área de entorno do manancial está bastante degradada, com rejeitos de mineração, invasão de vegetação de leucena e capim colonião.
20. Nascente do Mulembá-Norte – Fica à montante da cava da Pedreira Rio Doce, em área emfase de regeneração.
21. Nascente do Bambuzal – Provavelmente, origina-se da infiltração das nascentes do lago Gegê. Originalmente, a água aflorava no interior de uma moita de bambu. O local da nascente foi escavado até a rocha, causando degradação e comprometendo a sobrevida do manacial.
22. Nascente na antiga casa do professor Jara, no final da rua Antenor Magalhães – A água abasteceu a casa da família. Atualmente, o imóvel está fechado ealguns vizinhos se utilizam da água da bica para serviços diversos.
23. Nascente do Cras, no final da rua Loren Reno – Centro – famílias vizinhas captam a água da bica para uso diversos.
24. Nascente no Sítio de Adelina Cardoso – Divisa com o Parque Pedra dos Olhos – Apresenta características semelhantes à outra nascente no mesmo sítio, unindo-se a esta em período de chuvas. No percurso encontra Mata atlântica em estágio médio e inicial de regeneração e atravessa pastagem.
25. Nascente na residência de Maria Dirce – Rua Santa Clara, casa 152 – A bacia de contribuição foi desflorestada, devido à ocupação urbana, no entanto, mantém a vazão de água límpida, que é captada para um lago de peixes e despejada na rede de drenagem. Potencial para ser canalizada e contribuir para o abastecimento dos lagos do Parque Moscoso.
Reprodução PMV
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