Gosto pela leitura: trabalho de bibliotecária em Vitória encanta gerações

Gosto pela leitura: trabalho de bibliotecária em Vitória encanta gerações
Marcela Mendonça

O bibliotecário escolar desempenha diariamente um papel fundamental nas 104 unidades de ensino de Vitória: promover o gosto e o prazer pela leitura, garantindo que o livro, a biblioteca e os espaços de leitura (educação infantil) sejam uma parte essencial da trajetória escolar de todas as crianças e estudantes. Em homenagem a essa grande contribuição deixada pelos bibliotecários, celebra-se nacionalmente no dia 12 de março, o Dia do Bibliotecário.

Uma das profissionais que marcam de forma especial a vida de diversas gerações de estudantes é a bibliotecária Marcela Mendonça, que atua na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Aristóbulo Barbosa Leão, localizada em Bento Ferreira. Ela é servidora da rede municipal e da unidade de ensino há 18 anos.

Marcela tem encontros quinzenais com as turmas dos anos iniciais (1º ao 5º ano), nos quais desenvolve atividades variadas de incentivo à leitura que envolvem música, arte, contação de histórias e estímulo ao empréstimo de livros. Além disso, também dá suporte aos projetos de leitura dos anos finais (6º ao 9º ano), nos quais os alunos têm horários para ir à biblioteca para leitura e empréstimo de livros. Ela falou sobre seu compromisso com a educação.

“Na biblioteca escolar, o bibliotecário é o elemento-chave para a produção de leitura no ambiente e deve desenvolver seu papel de mediação entre o público e os livros, buscando ser competente e engajado na escola. É interessante que ele seja comunicativo e use a criatividade para criar um ambiente hospitaleiro ao estudante”, definiu.

A bibliotecária lembrou com carinho o momento em que se apaixonou pela profissão. “A partir do momento que entrei numa biblioteca escolar e tive contato com as crianças e seu encantamento com a leitura, a biblioteca escolar se tornou uma paixão. O que mais me motiva é ver uma criança interessada pela leitura”, disse.

Incentivando a leitura com criatividade

Dentre as diversas experiências incríveis que já viveu nestes 18 anos de atuação, Marcela destaca oficinas de leitura que desenvolve utilizando a música, mais precisamente o hip hop. “Eu seleciono poemas infantis e “canto” com os alunos em forma de Rap. A interação dos alunos é imediata. Os poemas acabam sendo memorizados rapidamente e mesmo ex-alunos frequentemente me relatam que jamais os esqueceram”, conta.

Por acreditar em seu trabalho e na importância de promover o gosto pela leitura, a profissional desenvolveu um material que fica como um legado de sua trajetória: um material didático com um planejamento completo que pode ser utilizado pelos educadores.

“Estas e outras atividades são tão marcantes que ao cursar o Mestrado Profissional em Ensino de Humanidades, pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), eu elaborei um material didático com o planejamento completo de seis oficinas de leitura de modo que qualquer educador pode reproduzir em sua prática estas atividades que podem ser adaptadas para os mais diversos públicos. Fico muito feliz em compartilhar minhas experiências, sabendo que podem ser úteis em outros espaços educativos”, ressaltou.

Marcela também conta que as experiências positivas se espalharam. Começaram a aparecer também convites para falar para bibliotecários, professores, pedagogos e estudantes universitários em palestras, cursos e oficinas sobre a leitura na biblioteca escolar. “A reação dessas pessoas me despertou o desejo de documentar, sistematizar e descrever a minha prática, a fim de compartilhar as experiências em benefício da leitura”, explicou.

Reconhecimento

Além de deixar uma contribuição para a educação, o trabalho desenvolvido por Marcela também já foi reconhecido em uma importante premiação, o “IV Prêmio Carol Kuhlthau”, promovido pelo Grupo de Estudos da Biblioteca Escolar da Universidade Federal de Minas Gerais, que tem o objetivo de estimular ações desenvolvidas por profissionais da biblioteca.

“Esse olhar para minha própria prática e o ato de rememorar tudo o que aconteceu foi muito marcante porque relembrei muitas experiências que tive na troca com os alunos. Assim, em 2013 me inscrevi na premiação e tive o privilégio de ser contemplada com o prêmio justamente devido à diversidade de atividades e a forma de ver a biblioteca como um ambiente de aprendizagem e também de música, arte, cultura, brincadeira e muito mais!”, frisou.

Marcela relembra que a trajetória continua, e com muito prazer continua trabalhando com a leitura na biblioteca. Segundo ela, as palavras e reações dos alunos atribuíram significado ao nosso trabalho, na medida em que eles fazem conexões entre o texto apresentado (seja poesia, música, arte, multimídia) e a sua própria vivência.