Retorno das aulas presenciais é tema de debate na Câmara Municipal de Vitória
A Secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, e a subsecretaria de Gestão e Planejamento, Fabiola Risso, participaram de reunião da Comissão de Educação da Câmara de Vitória nesta quarta-feira (21/07). Elas esclareceram dúvidas dos parlamentares e pais de alunos sobre o calendário do retorno às aulas e os protocolos de biossegurança.
O presidente da Comissão, vereador Leandro Piquet (Republicanos) falou que a ansiedade para o retorno das aulas é grande. “Também sou pai de aluno da rede pública, meu filho fez um ano e meio, e temos essa ansiedade para o retorno das aulas”, disse.
O vereador Mauricio Leite (Cidadania) lembrou que os professores exigiram a vacinação dos docentes antes da volta às aulas, e também que os alunos estejam vacinados. Ele quis saber da Secretária sobre a preparação para a volta as aulas em segurança.
A secretária de Educação, Juliana Rohsner destacou que Vitória foi o primeiro município do Estado para retornar e que essa decisão foi pautada dentro do que era possível num cenário de pandemia.
“A primeira ação que tivemos ao assumir, esse ano, foi organizar protocolos, adquirir materiais de segurança como máscaras e álcool e reabrirmos as secretarias escolares. Muitos estudantes perderam vaga em estágios porque as secretarias das escolas estavam fechadas. Também abrimos a Secretaria Municipal em seu horário integral. E em março, abrimos as escolas, o que foi muito difícil porque os professores estavam com muito medo”, lembrou a Secretária.
Juliana Rohsner descreveu como foram construídas as decisões e protocolos para o retorno das aulas de acordo com os hábitos e as idades de cada grupo de estudantes. Ela esclareceu, que, a partir de estudos, verificou-se que as crianças mais novas vão ter contato físico entre elas.
“É preciso ter prudência. Nossa possibilidade hoje é retornar com as crianças intermediárias, do Grupo 3 e 4, experimentar por, pelo menos, um mês, em revezamento, para que a gente ajuste os protocolos. E a partir disso, junto com a Saúde que está acompanhando esse processo inteiro, a gente vê onde que é possível (o retorno). É um cenário complexo. Queremos voltar, mas com responsabilidade”, declarou a Secretária.
Piquet perguntou se seria possível dividir os grupos dos alunos. A Secretaria disse que há uma dificuldade para suprir os professores porque muitos estão de atestado e que a orientação é que, se houver sintomas, o profissional se afaste. “Então é importante que o município tenha professores em sobreaviso”, disse explicando que nas turmas que não retornaram, os professores estão em sobreaviso.
Para o vereador André Brandino, a volta às aulas é importante. Ele afirmou que realizará uma audiência pública em São Pedro em agosto para conversar sobre as obras de alguns prédios de CMEI e EMEFs e sobre dificuldade do retorno às aulas. “Algumas empresas abandonaram as obras nesses prédios, o que leva ao atraso no retorno às aulas. Na audiência vamos levar o esclarecimento à população”, contou.
A mãe de aluno do Grupo 2, Manuela Soares Santos, disse que é muito triste que bares possam funcionar, que a rede privada de ensino tenha voltado e, por outro lado, o Grupo 1 e 2 sem a possibilidade de retorno nem com revezamento. Ela trouxe relatos de mães que perderam empregos porque não tinham onde deixar seus filhos. “É muito dificil para os pais e mães fazerem as atividades escolares e conciliarem com suas atividades”, afirmou.
Ela também citou atrasos na fala e no desenvolvimento das crianças e pediu à Secretária uma expectativa concreta para o retorno às aulas desse Grupo.
Rogério Romano, presidente da Comissão de Direito constitucional da OAB, disse que estava autorizado o retorno da atividade infantil desde outubro. “Estamos calçados em pareceres técnicos, de março, de que era possível retornar, mas a pergunta é; temos condições de adequar as salas físicas para atender a demanda integral?”,disse.
Katia Helena Moreira , mãe de aluno do Grupo 2 reforçou os depoimentos de Manuela e perguntou se há previsão para o retorno dos alunos autistas.
A Secretaria descreveu a situação das vagas e disse que em Jardim Camburi e em São Pedro há gargalo, mas que estão estudando os territórios para locar um prédio a partir do ano que vem. Ela falou das obras no CMEI Georgina onde a empresa abandonou a obra, foi notificada pela Prefeitura e uma outra empresa assumirá a obra. Juliana Rohsner também disse que, em relação ao CMEI Valdivia, em Santos Dumont, a obra custa R$ 800 mil e será uma reconstrução da escola.
Sobre a situação das mães que perderam emprego, a Secretária disse que partilha dessa preocupação. Ela lembrou que as crianças nessa faixa etária, de 6 meses a 2 anos, precisam de uma acolhida diferente, uma adaptação ao retorno as aulas, e que isso implica passar pelo colo.
A secretaria disse que quando viu restaurantes e praças públicos com as crianças frequentando, a decisão foi pelo retorno às aulas, o que não foi uma escolha fácil.
“Hoje estamos com 98% dos profissionais de educação vacinados com a primeira dose. Não adianta agora colocar todo mundo junto e amanhã precisar fechar. Temos que caminhar com passos ousados e seguros”, ressaltou.
Ela lembrou que as diferenças entre a rede pública e a privada são inúmeras em termos de estrutura. “A particular pode definir a quantidade de matrículas. Nós (da rede pública) temos que ter uma política pública que acolha a todos, então temos que ampliar as matrículas”.
Respondendo aos questionamentos de Manuela, a Secretária disse: “nosso compromisso é o retorno, mas com segurança. Me comprometo em dar uma data para vocês em setembro, antes disso é uma promessa que não posso cumprir”.
Em relação aos alunos autistas, Juliana Rohsner disse que se prioriza o não revezamento, pois os autistas precisam de rotina. Sobre os demais alunos, a partir de pesquisas com os pais, foi decidido que haverá o revezamento diário.
Fabíola Risso, subsecretaria de Gestão e Planejamento, detalhou os protocolos de vigilância sanitária e apresentou os resultados desses cuidados. “Desde o início do retorno presencial tivemos apenas 8 casos de crianças contaminadas e nenhuma delas, na escola”, afirmou.
Estiveram presentes os vereadores: Leandro Piquet (Republicanos), Maurício Leite (Cidadania) e Andre Brandino (PSC).
Reprodução Câmara Municipal de Vitória
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